“Você estava aqui o tempo todo”
Quando eu conheci a ICM eu estava completamente desiludido em relação à possibilidade de ter uma vivência religiosa cristã, principalmente porque eu já tinha vencido um dos maiores desafios da minha vida, que foi sair do armário, e até aquele momento todas as vertentes religiosas cristãs que eu conhecia, de alguma forma, traziam algum tipo de opressão pra mim. Eu estava decidido a não voltar pro armário. Aos 24 anos eu fui surpreendido por uma cerimônia de casamento entre duas mulheres que eram amigas minhas. Pra mim foi muito surpreendente ter, no mesmo espaço, Deus e o relacionamento entre duas pessoas do mesmo gênero. Aquilo foi demais pra mim, foi um sentimento arrebatador. O pensamento que ecoava no meu coração, naquele momento, era: “Deus, então é isso! Você estava aqui o tempo todo. Obrigado por não ter se esquecido de mim!”.
“Deus tem um caminho diferente para cada pessoa”
Naquele momento eu percebi que, mesmo (e principalmente) na minha fase de desilusão com Deus e com a religião, Deus estava cuidando de mim. Através de seu amor, Deus me livrou das ofensas e dos insultos da religião cristã tradicional, tirando-me daquele ambiente opressor. E o que eu antes chamava de desilusão, hoje eu chamo de cuidado de Deus. Sei que nessa fase Deus estava preparando um lugar de conexão, onde eu poderia ser plenamente quem eu sou. Infelizmente, eu sei que, ainda hoje, muitas pessoas enfrentam desafios em ambientes religiosos opressivos, mas isso não significa que Deus não as ame. Deus tem um jeito particular de lidar com cada um de nós. Deus tem um caminho diferente para cada pessoa. Seu amor contempla as nossas singularidades, nossas identidades, nossa forma de ver o mundo. Deus sabia que eu não teria condições de suportar por muitos anos uma igreja homofóbica e preconceituosa, e me tirou de lá.
“Um Deus radicalmente amoroso que celebra a vida conosco”
Atualmente, eu me sinto usado por Deus para ajudar outras pessoas a descobrir esse amor extravagante e inclusivo. É através da ICM que consigo exercer o meu chamado à justiça social e à busca pela paz no mundo. É através da comunhão que tenho com meus irmãos e irmãs que eu consigo forças para lutar por um mundo mais livre e igualitário, sem as correntes do racismo, do machismo, do classismo e da LGBTfobia. E eu só posso fazer isso porque a ICM me apresentou um Deus radicalmente amoroso, um Deus que subvertendo a lógica do mundo, celebra a vida conosco. Um Deus que não criou seus filhos e filhas para jogá-los num lago de fogo e enxofre apenas porque eles amam um homem e/ou uma mulher. Isso não faz nenhum sentido pra mim. Eu não consigo acreditar num Deus que seja tão perverso. Assim como não consigo acreditar num Deus que não dança, que não sorri, que não gosta de música, que odeia a ancestralidade, ou que condene os corpos das pessoas.
“Minha sexualidade é uma dádiva”
Hoje eu consigo me amar, amar o meu corpo, amar a minha espiritualidade, amar o meu relacionamento, amar a minha rotina, a minha profissão, a minha igreja, porque cada um desses setores da minha vida revela o amor de Deus pra mim. Ser um homem gay, hoje, necessariamente passa por minha relação com Deus. Em todos os sentidos, minha sexualidade é uma dádiva, um grande e maravilhoso presente de Deus, e através dela eu sou abençoado.
SOBRE ESTE AUTOR DA ICM: Léo Rossetti – Sou um homem gay brasileiro, professor, historiador, poeta e ator.
Misericórdia
Reflexão: A gratidão e a adoração a Deus devem ser expressas com novos cânticos, celebrando as maravilhas que Ele fez. A vitória de Deus é uma razão contínua para louvar e glorificar Seu nome.
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