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A Fundação da Igreja da Comunidade Metropolitana e a Inspiração do Reverendo Troy Perry

Em meio à efervescência social dos anos 1960, quando os movimentos pelos direitos civis, a luta pela igualdade racial e a emancipação das minorias estavam em pleno curso, um novo movimento começava a se formar em um campo até então negligenciado: o dos direitos da comunidade LGBTQIA+. No centro desse movimento religioso emergente estava o Reverendo Troy Perry, um homem cuja visão, coragem e fé transformariam a vida de centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo. Esta é a história da fundação da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) e do homem que a inspirou.

QUEM É O REVERENDO TROY PERRY?

Troy Perry nasceu em 1940, em uma época em que ser gay nos Estados Unidos não só era tabu, mas também motivo de perseguição e ostracismo. Desde cedo, ele sentiu um chamado para o ministério, mas também enfrentou o desafio de conciliar sua fé com sua orientação sexual.

Aos 13 anos, perdeu o pai, e começou a pregar nas igrejas batistas e pentecostais. Aos 15 anos, formou-se como ministro batista, e na mesma época, descobriu que era gay. Três anos mais tarde, revelou seu segredo a um pastor da igreja pentecostal, que logo tratou de arrumar uma mulher para casar-se com ele.

Em 1962 aceitou a sua orientação sexual e terminou sendo expulso da igreja. Nesse mesmo período, separou-se da mulher. Os parentes de sua ex-esposa o denunciaram e ele foi levada as forças armadas para cumprir dois anos de serviço militar.

DO ATO DE DESESPERO AO ENCONTRO COM A ESPERANÇA

A vida do Reverendo Troy Perry foi marcada por desafios intensos e profundos momentos difíceis. Em 1968, ele passou por uma crise severa causada por uma combinação de vários problemas, entre eles: Rejeição social, desafios pessoais e profissionais, falta de apoio e uma crise espiritual, enfrentando frustrações profundas e uma sensação de perda de propósito. Nesse mesmo tempo seu amigo próximo foi preso em uma batida policial em um bar gay, o que era comum na época, devido à repressão e à perseguição que a comunidade LGBTQ+ sofria. Esses fatos o levaram a um triste episódio, uma tentativa de suicídio.

Enquanto estava no seu leito de hospital, consumido pelo desespero, chorando incontrolavelmente e sentindo-se totalmente perdido, uma mulher negra entrou em seu quarto. Sem pronunciar uma palavra, ela se aproximou, colocou uma revista religiosa em suas mãos e disse simplesmente: "Tem uma pessoa que se importa com você!"

Esse gesto simples e as palavras da mulher tiveram um impacto profundo sobre Perry. Ele se deu conta de que, apesar de sua situação desesperadora, Deus ainda estava presente em sua vida. Essa revelação foi um divisor de águas para ele. Com isso, Ele sentiu um peso sair de sua vida e compreendeu que, apesar de tudo que havia enfrentado, Deus ainda estava com ele, pronto para oferecer uma nova chance. Esse confronto interno lhe trouxe uma clareza renovada sobre seu chamado, mas também o motivou na sua decisão de continuar sua missão sacerdotal.

O NOVO COMEÇO E A FUNDAÇÃO DA ICM

A experiência de Perry no hospital foi um momento crucial em sua jornada de recuperação. Esse evento não apenas proporcionou conforto imediato, mas também reacendeu sua fé e determinou o rumo de sua vida futura. Com renovada esperança e um propósito renovado, Perry começou a se dedicar à criação de um espaço inclusivo e acolhedor.

A experiência de Perry no hospital foi um momento crucial em sua jornada de recuperação. Esse evento não apenas proporcionou conforto imediato, mas também reacendeu sua fé e determinou o rumo de sua vida futura. Com renovada esperança e um propósito renovado, Perry começou a se dedicar à criação de um espaço inclusivo e acolhedor. Ele teve a ideia de colocar um anúncio na revista "The Advocate," uma publicação voltada para a comunidade LGBTQ+. No anúncio, Perry convidava todos que se sentissem excluídos de suas igrejas de origem a se juntarem a ele para um momento de oração em sua casa.

Esse passo inicial foi crucial para atrair pessoas que buscavam um espaço onde pudessem expressar sua espiritualidade sem medo de discriminação. Em 6 de outubro de 1968, 12 pessoas responderam ao convite e se reuniram na casa de Perry, em Huntington Park, Califórnia. Essas pessoas eram, em sua maioria, LGBTQ+ e outras marginalizadas que não eram aceitas em suas comunidades de origem. Durante esse primeiro encontro, Perry compartilhou sua própria história de luta e renovação espiritual, destacando sua visão para uma igreja que fosse aberta a todos, independentemente de sua orientação sexual ou passado. Ele transmitiu uma mensagem de autenticidade e fé em Deus, criando um ambiente de profunda conexão espiritual entre os presentes.

DESAFIOS INICIAIS E PERSEGUIÇÕES: INCÊNDIOS CRIMINOSOS E A CONSOLIDAÇÃO DA ICM

O início da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) foi marcado por inúmeras dificuldades e adversidades. Embora o primeiro encontro, realizado na casa de Troy Perry, tenha sido um momento de esperança e renovação para muitas pessoas marginalizadas, os desafios que se seguiram testaram a resiliência da comunidade nascente. Após a fundação da ICM, a igreja rapidamente se tornou um símbolo de inclusão para a comunidade LGBTQ+, atraindo não apenas aqueles que buscavam um espaço espiritual acolhedor, mas também a atenção de opositores. A mensagem de amor e aceitação promovida pela ICM, aliada à crescente visibilidade da igreja, despertou reações hostis de setores mais conservadores da sociedade.

Um dos episódios mais marcantes dessa perseguição foram os incêndios criminosos que atingiram a igreja nos primeiros anos. Esses ataques visavam intimidar e silenciar a congregação, que já enfrentava preconceito e ostracismo por parte da sociedade. No entanto, em vez de sucumbir ao medo, a comunidade encontrou força na adversidade. Cada ataque, ao invés de dispersar os membros da igreja, serviu como um catalisador para fortalecer os laços entre eles e para reforçar o compromisso de Perry com sua missão. Esses incidentes não passaram despercebidos pelo público. Os incêndios e outras formas de intimidação foram amplamente noticiados, o que paradoxalmente ajudou a aumentar a visibilidade da ICM. A igreja se tornou um símbolo de resistência e coragem, ganhando o apoio de aliados e ampliando sua influência além das fronteiras da comunidade LGBTQ+.

O nome de Troy Perry e da ICM começaram a ser reconhecidos não só na Califórnia, mas também em outros estados e, eventualmente, em outros países. A adversidade que Perry e sua congregação enfrentaram nos primeiros anos desempenhou um papel crucial na consolidação da ICM como uma instituição que não apenas sobreviveu, mas floresceu em meio à perseguição. Os ataques contra a igreja, longe de deterem seu crescimento, ajudaram a solidificar sua identidade como um refúgio para todos os que enfrentavam rejeição e discriminação. A mensagem de inclusão, que estava no coração da ICM desde o começo, encontrou eco em uma sociedade que, lentamente, começava a abrir espaço para discussões sobre direitos civis e igualdade para a comunidade LGBTQ+. Assim, as dificuldades iniciais, incluindo os incêndios criminosos, não foram apenas desafios a serem superados, mas também se tornaram momentos de definição para a ICM, contribuindo para sua expansão e para a construção de uma comunidade que continua a ser um farol de esperança e aceitação.

Da Primeira Parada do Orgulho à Defesa dos Direitos Humanos

A Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), sob a liderança do Reverendo Troy Perry, desempenhou um papel fundamental na organização da primeira Parada do Orgulho LGBTQ+ em 1970. Perry, junto com ativistas como Morris Kight e Bob Humphries, foi um dos principais organizadores do evento, que marcou o primeiro aniversário dos protestos de Stonewall. A iniciativa foi uma resposta direta à violência e à discriminação enfrentadas pela comunidade LGBTQIAP+, e a parada se tornou um marco na luta por visibilidade e direitos civis.
A participação da ICM na Parada do Orgulho não foi apenas simbólica; foi uma afirmação poderosa de que a espiritualidade e a identidade LGBTQIAP+ podiam coexistir de maneira plena e afirmativa. A igreja ofereceu um espaço seguro para aqueles que, até então, haviam sido marginalizados tanto pela sociedade quanto pelas instituições religiosas tradicionais. A visibilidade pública da ICM durante o evento foi crucial para desafiar os estigmas e promover uma mensagem de igualdade e dignidade para todas as pessoas.
Além de sua contribuição na organização da Parada do Orgulho, a ICM, sob a liderança de Perry, foi incansável em sua luta pelos direitos humanos. A igreja esteve na linha de frente das batalhas pelos direitos civis da comunidade LGBTQIAP+, promovendo campanhas contra leis discriminatórias e apoiando causas como o casamento igualitário. A ICM também se envolveu em iniciativas mais amplas de justiça social, defendendo os direitos de minorias e trabalhando em prol da paz e da igualdade.
A ICM também abraçou a luta feminista, promovendo a igualdade de gênero dentro e fora da igreja, e reconhecendo o papel vital das mulheres na liderança e no ativismo. Durante a crise do HIV/AIDS, a ICM foi uma das primeiras instituições religiosas a apoiar as pessoas afetadas pela doença, oferecendo assistência pastoral, apoio emocional, e advocacia para acesso a cuidados médicos. A dedicação da ICM aos direitos humanos e à justiça social ajudou a estabelecer a igreja como uma voz poderosa dentro do movimento LGBTQIAP+, contribuindo para um mundo mais justo e inclusivo.
Ao longo dos anos, a ICM continuou a se adaptar e a crescer, enfrentando novos desafios e ampliando seu campo de atuação. A igreja tem se atualizado para responder às questões contemporâneas, como a interseccionalidade na luta pelos direitos humanos e a crescente importância do diálogo inter-religioso. Hoje, a ICM continua sendo uma voz ativa na defesa dos direitos LGBTQIAP+ e na promoção de justiça social, trabalhando em colaboração com outras comunidades religiosas e organizações para construir pontes e promover a compreensão mútua. A dedicação contínua da ICM aos direitos humanos e ao diálogo inter-religioso reafirma seu compromisso com um mundo mais justo, inclusivo e compassivo.
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Saiba Mais Sobre a ICM

DECLARAÇÃO DE VISÃO DO ICM

A Igreja da Comunidade Metropolitana é compelida por um chamado inacabado e um destino profético. Somos um movimento global de pessoas espiritualmente e sexualmente diversas que estão totalmente despertas para o amor duradouro de Deus. Seguindo o exemplo de Jesus e fortalecidos pelo Espírito, buscamos construir comunidades de igrejas de ponta que exijam, proclamem e façam justiça no mundo.

DECLARAÇÃO DE MISSÃO DO ICM

Seja ICM: Transformando a nós mesmo s enquanto transformamos o mundo.

A Igreja da Comunidade Metropolitana proclama e pratica uma espiritualidade ancorada no Evangelho libertador de Jesus Cristo e confronta as questões do nosso mundo volátil, incerto e complexo. Somos chamados a desenvolver e equipar líderes, congregações e ministérios que promovam o crescimento espiritual, façam o trabalho de justiça, ajam com compaixão e integrem sexualidade e espiritualidade.

Somos chamados a desenvolver e equipar líderes, congregações e ministérios que promovam o crescimento espiritual, façam o trabalho de justiça, ajam com compaixão e integrem sexualidade e espiritualidade. Faremos isso oferecendo treinamento de alto valor, apoio e recursos da igreja local, exploração teológica de ponta e expansão de parcerias.